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TUNGSTÊNIO

CÉSAR VALLEJO

  • R$ 69,00

“Vallejo marca o começo da diferenciação da narrativa e da poesia do litoral e da serra, no Peru. Vallejo dá início a uma tremenda etapa em que o homem andino percebe o conflito entre seu mundo interior e o castelhano como seu idioma.”

José María Arguedas

 

“Em sua literatura, Vallejo é sempre uma alma ávida de infinito, sedenta de verdade. A criação é nele, em simultâneo, inefavelmente dolorosa e exultante. Este artista não aspira senão a se expressar pura e inocentemente. Se despoja de todo ornamento retórico, se desnuda de toda vaidade literária. Chegando até a mais austera, a mais humilde, a mais orgulhosa sinceridade da forma. É um místico da pobreza que descalça seus pés para que conheçam, nus, a dureza e a crueldade do seu caminho.”

José Carlos Mariátegui

 

     Uma mostra da obra narrativa do poeta, dramaturgo e ficcionista peruano, César Vallejo, é traduzida pela primeira vez no Brasil. Foi publicada em Madri, em 1931, e só lançada no seu país, em 1957, quase vinte anos após a morte do autor, ocorrida em Paris, em 1938, onde era reconhecido como um dos nomes decisivos da literatura latino-americana.

Respeitado sobretudo como poeta, autor de livros emblemáticos como Os arautos negros, Trilce e Espanha afasta de mim esse cálice, Vallejo escreveu várias obras de ficção. Tungstênio é o exemplo contundente desta produção.

     Ao longo das últimas décadas essa parte da sua obra tem sido reavaliada, como é caso de Tungstênio, que adquiriu uma relevância explícita, e reconhecido pela crítica como um marco literário da narrativa indigenista do Peru, antecipando inclusive um autor como José María Arguedas.

Tungstênio é a tentativa veemente de Vallejo de denunciar a exploração não só das riquezas minerais como do povo peruano. Em simultâneo, alerta para o tratamento desumano das populações indígenas, com a complacência das oligarquias locais, suplantando dessa maneira tempo e espaço, e fixando sua narrativa com a força da atemporalidade.

Tudo decorre na região serrana de Colca, onde se situam as minas de tungstênio, metal que o Peru chegou a produzir em larga escala até a pouco tempo. Uma empresa norte-americana — a Mining Society — é a responsável pela extração do metal, que envia para os Estados Unidos, prestes a entrar na Primeira Guerra Mundial. Para o efeito, emprega uma legião de indígenas e a população mais desvalida, cujo trabalho se efetua sob o regime de semiescravidão. 

     Os representantes do poder local colaboram com todas as injustiças praticadas, e Vallejo delineia tais personagens de maneira intensa, sem poupar os traços mais obtusos do caráter humano, descrevendo desde um estupro coletivo, até o assassínio da população que tenta fazer um levante após presenciar a morte de um indígena em plena prefeitura. Dessa maneira, Colca se torna o microcosmo de um continente, e todos os ataques sofridos ao longo da história e dos séculos se ressignificam simbolicamente aqui. 

     Ao contrário da poesia do autor, sua ficção transita sobre os aspectos mais crus da realidade que marcou — ainda marca — o Peru e, por extensão, a América Latina. Vallejo intensifica sua paleta, expondo os abusos, os crimes e a intolerância, que são reproduzidos com a tensão contínua. Por essa razão, a crítica que atravessa o livro garante sua atualidade, revelando um autor consciente, mas distinto do poeta que trabalhou os aspectos oníricos e a densidade vanguardista do discurso poético. Com Tungstênio, Vallejo funda uma voz atemporal que continuará a ecoar para além destas páginas.

 

     César Vallejo (Santiago de Chuco, Peru, 16 de março de 1892 – Paris, França, 15 de abril de 1938) foi um poeta e escritor peruano. Ele é um dos principais poetas da literatura sul-americana.

     Era mestiço e suas origens humildes afetaram profundamente sua vida e obra. Estudou literatura e direito.

     Em seu primeiro livro de poemas, Los heraldos negros (1918), ele revelou os principais temas de sua obra: o luto e a insegurança causados pela morte de sua mãe e irmão, as limitações e o vazio da vida, a dificuldade do homem para lidar com a opressão social e encontrar justiça para superar a falta.

     O escritor ficou preso, em 1920, por três meses por sua atividade política em favor dos ameríndios. Enquanto estava na prisão, ele começou a escrever os poemas de Trilce, uma de suas principais obras; nela deixou de lado sua retórica literária usual e usou neologismos, expressões amigáveis, inovações tipográficas e imagens retóricas surpreendentes como um meio de expressar as limitações e impossibilidades do homem.

     Após a publicação do curto romance Fábula salvaje, em 1923, mudou-se para Paris e nunca mais voltou para sua terra natal, embora nunca tenha rompido laços com o seu povo. Em Paris manteve relações com os principais intelectuais da época, mas devido a problemas políticos teve que se exilar em Madrid em 1930. Em 1931, Vallejo acreditava que o caminho para melhorar a sociedade era o marxismo, juntando-se ao Partido Comunista. Em 1932 voltou a Paris e viveu escondido até retornar à Espanha em 1936; Poemas humanos foi baseado nas experiências da Guerra Civil Espanhola (1939), poemas que constituíram a última coletânea da sua poesia.

     Outras obras notáveis de Vallejo incluem Escalas melografiadas (1923), El tungsteno (1931, Paco Yunque (1931), Contra el secreto profesional e El arte y la revolución (escritos de 1930 a 1932 e publicados juntos após sua morte).

Autor(a) César Vallejo
Tradutor(a) Jorge Henrique Bastos
Nº de páginas 168
ISBN 978-6-555-19078-6
Formato 13,5x20,5 cm

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