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SENTIDO DE ZEUS, O

JAA TORRANO

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Musas da Piéria, gloriantes ao cantarem,

vinde anunciai Zeus vosso pai ao hinearem.

Por Zeus os mortais são infames ou famosos,

renomados ou anônimos, pelo grande Zeus.

Fácil ele dá força e fácil ele estorva o forte,

fácil embaça o brilhante e dá brilho ao fosco,

fácil ele apruma o torto e derruba o arrogante,

Zeus altíssono que habita o supremo palácio.

Hesíodo Trabalhos 1-8

 

Poderíamos esperar que um dia no mundo ainda pudéssemos ser interpelados por Deuses Olímpios? O que poderia em verdade constituir-nos em atitude de expectativa de sinais provenientes de Deuses Olímpios?

Assim nos interroga a questão decisiva da ontologia ínsita no mito do mundo. Esta questão nos concerne, na condição de entendermos o ser que somos como culto em sua original unidade de verdade, de conhecimento e de existência. No culto, a verdade, em seu mais originário sentido de ilatência (alethéa), irrompe dos fundamentos do ser e repercute por toda a existência, dando à própria existência a forma mesma desta verdade.

A descrição geral desta ontologia, ínsita no mito do mundo e no culto enquanto o modo mítico de ser no mundo, torna-se possível como história da grande época do mito do mundo, i.e. quando os Deuses Olímpios, em sua complexa unidade como mundo, interpelamos mortais transeuntes do mundo.

Nesta ontologia, os nomes dos Deuses nomeiam os subjacentes fundamentos (i.e. o sujeito) de todo o ser e todo o acontecer — e assim se podem distinguir quatro graus de ilatência, de ciência, de essência e de existência, relativas a todo ser e a todo acontecer, graus correspondentes à vida dos Deuses, Numes, Heróis e homens. Na Teogonia de Hesíodo, o mito e culto das Musas fundam mediante o canto o ilatente conhecimento da origem e estrutura do mundo como o devir dos Deuses, com quatro fases e quatro zonas cósmicas, quatro linhagens de Deuses cujos domínios foram fixados por Zeus através de quatro Combates.

Este sistema de formas fundamentais participadas (imitadas) e de imagens fundadas, participantes (imitantes), implícito no mito do mundo, explicita-se na teoria do conhecimento de Platão. Sobrepostos alternadamente textos de Hesíodo, Homero, Ésquilo, Eurípedes e Platão, transparecem com nitidez o desenho e os desígnios desse sistema.

Os Deuses hesiódicos. A filosofia de Platão. O jogo de astúcia entre Zeus e Prometeu. Os percursos e recursos de Odisseu. O teatro como o sentido dionisíaco de Zeus e a tragédia como explicitação da complexa unidade de Deuses, Numes, Heróis e homens. Sempre o mesmo e sempre outro, o sistema de forma e de imagens, fonte prístina de sempre novas possibilidades, deixa-se ler nos diversos textos dos diversos contextos. E ainda no surgimento da História (Tucídides) como antidoro do mito.

Estaríamos expostos ao risco de hoje ainda sermos interpelados por Deuses Olímpios?

Jaa Torrano é professor de Língua e Literatura Grega na Universidade de São Paulo. Publicou Hesíodo — Teogonia: a Origem dos Deuses, pela Iluminuras; e, por outras editoras, Ésquilo — Prometeu Prisioneiro (S. Paulo, Roswitha Kempf, 1985); Euripedes — Medéia (S. Paulo, Hucitec, 1991); e Bacas: o Mito de Dionísio lid. ib. 1995). 

Autor(a) Jaa Torrano
Nº de páginas 184
ISBN 85-7321-022-2
Formato 14X21cm

Autores

JAA TORRANO

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